18 de ago. de 2008

A ESTÉTICA DO OCIDENTE

Em tempos de Olimpíada, além dos limites físicos do Homem, também são batidos recordes de estupidez e falta de senso crítico da nossa espécie. Como já se sabe, durante a cerimônia de abertura dos Jogos de Pequim, a cantora Yang Paiyi (à esquerda) foi considerada “feia” pelos organizadores do evento, que acabaram optando pela dublagem da fofinha Lin Miaoke (por eliminação, a da direita). A imprensa brasileira, seguindo a tendência dos demais veículos ocidentais, reverberou o caso com um tom de inconformismo ímpar. Críticas bombásticas, leitores inconformados, mensagens de apoio à Paiyi (que também é "cute-cute"), brotaram nos sites, nas colunas e nos noticiários da TV. A repercussão da notícia parece configurar um quadro propício à construção de uma Teoria do Absurdo. Um absurdo que cotidianamente nos mostra suas variadas facetas. Um absurdo que acaba por nos exigir uma postura questionadora, mas, sobretudo, perspicaz.

Nesse caso, surgem as seguintes questões:

1 – Qual é a indústria responsável pela padronização estética da beleza no mundo?

2 – Vislumbrando o contínuo processo da abertura econômica e cultural, não teriam os chineses apenas agido segundo a linha de raciocínio do complexo midiático ocidental?

3 – Não teria sido o fato um desdobramento natural da leitura das informações, das premissas e dos valores, banalmente propagados pela “Indústria Cultural do Oeste”?

4 – Não seria Lin a versão pop da Yang?

5 - Não estamos acostumados a digerir astros da música internacional que corriqueiramente se utilizam do playback em suas apresentações pelo globo?

6 – Qual a novidade do assunto?

Creio que as respostas, se não parecem tão óbvias, num exercício intelectual mais profundo, certamente hão de surgir.

“Quando Prometeu fez o homem, deu-lhe dois sacos para carregar: um com os defeitos alheios, o outro com os defeitos próprios. Os homens levam o primeiro na frente e o segundo atrás. Eis por que sempre estamos prontos a ver os defeitos dos outros, mas nunca percebemos os nossos” (Os Dois Sacos - Fábulas de Esopo)

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