9 de dez. de 2006

Os Aguilhões

OS AGUILHÕES
Grito de dor a plenos pulmões!
“Cérebro entrecortado; acordo e durmo parado.”
Me suga a energia com o poder da TV
Monopoliza mente, corpo, alma, o ser
Me ensina a fazer, ensina a aprender
Me faz vegetal, me ensina a querer
Regra minha trilha! Ó Mestra da Ilusão
Que pouco a pouco as horas vão
*
“Cérebro pasteurizando; acordo e durmo babando.”
Me faz imbecil, sem eu saber
Me engana que eu gosto, faz perceber
Se mostra pra mim como único meio de comunicação
Já quase perdido, me espeta o aguilhão!
E injeta veneno nas minhas veias
Me amarra travado nas tuas teias
Regra garrida; minha vida insana
Minha vida insensata, vida mundana
Minha vida prostrada, minha vida parida
Minha vida inventada, vida vivida
*
“Cérebro sucateado; acordo e durmo sentado.”
Me compassa o tempo, que eu compasso o pensamento
Me diz pra onde vai o vento, qual meu direcionamento?
Me surrupia por debaixo do pano
Me convence do erro, potencializa meu engano
Faz a flor parecer mais fria
A cor desaparecer dos cantos
Os cantos não mais terem rimas
As rimas perderem o pranto
Os prantos perecerem de dor
E a flor ficando mais fria
O dia perdendo energia
Os contos, o sabor
*
“Cérebro desintegrando; acordo e durmo babando.”
Me faz relutar, embaça meu ar
Me faz eu despir, pedir pra sair
Me fecha a janela e torce o cano
Deturpa o momento, me envolve no plano
Acorda os morcegos com a alta freqüência
E entedia os finais de semana
Dia após dia; eu gosto, me engana!
*
“Cérebro pulverizado; acordo e durmo pregado.”
Imaginário sublimado
Grito a plenos pulmões
“Filha da puta esses aguilhões!”