15 de dez. de 2008

Do Livro do Mundo II

Há muito tenho ouvido falar do medo inefável que assola a Humanidade. Sem rosto e sem paradeiro, o monstro invade os recantos mais profundos e inconscientes do ser. Balbuciando temores ao ouvido alheio, desperta a loucura e edifica sentinelas do novo despertar. E os que não dormiram se encontram sonolentos e temerosos com o futuro que os aguarda. Por todos os lados a pergunta não cala e clama por apaixonados instigadores: "Qual futuro nos está reservado?". Pode o Sol orbitar sem pensamentos? Pode a gênese de um novo tempo ser talhada sem a alma e o coração? Pode a pergunta responder a essas questões? Não! Não pode! O único intuito da indagação é reabrir o caminho das possibilidades - o seu comprometimento é com o devir. Como já nos foi sinalizado, "o conhecimento é um salto no escuro" - não há elucidação, não há claridade, não há caridade do tempo com a verdade. Só movimento e expansão. E mesmo cônscio da realidade, me atiro no abismo - um arremesso aos sonhos esquecidos. A imobilidade configura minha queda, pois não há gravidade que resista a tamanho e incerto deserto – do cume ao chão o espaço se fragmenta, mas sinto o vento em meus cabelos. E, como um Eleata contrariado, vou absorvendo a evolução – o medo inefável cresce. E junto a ele, a certeza de que um futuro, muito além de nossa capacidade, em sua peculiar opacidade, é impossível de se contemplar – o futuro só nos chega para presentificar.

27 de out. de 2008

Do Livro do Mundo

Chegamos ao auge! Todos os livros foram lidos e escritos, ao menos uma vez! Todo o conhecimento se perpetuou como disse a profecia! E hoje, após o martelo e o manejo da matéria (e seus opostos), construímos naves e destruímos vidas. Nós que habitamos em meio ao caos do vazio de idéias. Em meio ao espaço, figurando em inanição, só nos resta reinterpretar e emular o eterno. Pois de quê adianta uma ferramenta se nos falta a criação???

18 de set. de 2008

Ao moço dos olhos azuis; o velho dos bigodes brancos...

Não o perdi, meu avô. Foi a sensação, o título, que se perdeu. Substituído pelo retorno eterno de Memória, o momento é inaugural e a deusa, assim, me permite o reviver. Não há lugar para muitas palavras e apenas o pensamento flui sem seguir, necessariamente, qualquer orientação. Não há últimas homenagens, apenas a continuidade da celebração. A morte, que chega dissolvendo os sentidos, indica que quem está ausente só o faz por alguns instantes - ainda que pontuados pelo infinito. Logo, a turva névoa do sem-sentido, do “sem-resposta”, se converte na presença de um profundo pensar, um profundo existir. É reconfortante saber que foi proferido o “eu te amo”. E isso não se pode perder. Adeus meu amigo. A-Deus meu avô*.

*Laerte Storck dos Santos (27 de outubro de 1927 – 17 de setembro de 2008)

15 de set. de 2008

Três sentenças sobre o Tempo

O Futuro não existe; não resiste ao presente. O Passado “ri de nossa razão”; só reside no presente. Só o Presente é totalmente original e imprevisível. O Presente é o Absoluto.

25 de ago. de 2008

::LINKS & SUGESTÕES::

* POESIAS E PENSAMENTOS em www.asiloarcana.blogspot.com * MÚSICAS com www.sopedrada.blogspot.com * LIVROS na www.estantevirtual.com.br * \\\BOA VIAGEM!!!

O FIM DA METALINGUAGEM (?)

O FIM DA METALINGUAGEM?

O FIM DO MEL DA LINGUAGEM?

O FIM DA META?

O FIM DA LINGUAGEM?

*

O QUE QUERES DIZER? NO QUE ACREDITAR?

MEL FAZ MAL PRA SAÚDE???

E O QUE MAIS FAZ BEM?

O QUE MAIS É ZEN?

QUEM FAZ MAIS? QUEM BEM FAZ?

O QUE NOS CONTAM DE NOVO?

*

HÁ CIÊNCIA NA CARICATURA DO MUNDO

HÁ CIÊNCIA NOS ENTES LATENTES

NOS SIGNOS, NAS SERPENTES

FERRAMENTAS, SEMENTES

VETORES

EXISTENTES DE UM ETERNO RECOMEÇAR

*

E NO FIM DA METALINGUAGEM:

- O QUE FAZES, ENTÃO, COM ESSES LÁBIOS DE MEL?

- NÃO MAIS DEVO USÁ-LOS?!

- NÃO DEVES, NÃO. FOI PROIBIDO PELO FANTÁSTICO!

O FANTÁSTICO ABSURDO DE UM NADA SABER

DE UM NADA ESTAR QUERENDO O MUNDO

DE UM NADA DE MEL

E MAIS NADA DE MEU

*

SÓ EU E A MINHA LINGUAGEM

SOU EU TÁ METÁ TÁ PHYSICÁ

SEM POESIA

SEM ALEGRIA

SEM MINHA METALINGUAGEM

SEM CARRUAGEM

SEM O FIM

SEM MIRAGEM

SEM PASSAGEM

(produção pós-notícia sobre os perigos do mel para crianças com menos de 1 ano)

19 de ago. de 2008

ÉTICA E SUBJETIVIDADE

Chegando a casa o filho se dirigiu ao pai: - Estava hoje em uma condução lotada quando um idoso, visivelmente cansado, embarcou num dos pontos. Ao entrar olhou para os lados e, não tendo aonde sentar, encostou-se na porta para seguir viagem. – Mas ninguém cedeu lugar, filho?, perguntou o pai. – Não. Num primeiro momento os passageiros se entreolharam, mas ninguém cedeu lugar. Foi quando percebi que todos ao meu redor me fitavam de esguelha como se esperassem uma atitude minha. Não suportando todos aqueles olhares, levantei-me para, então, ceder lugar ao senhor. O pai, passando as mãos na cabeça do filho, abriu um largo sorriso e disse: - Filho, não foram os outros olhares que te incomodaram, mas os de tua própria consciência.

18 de ago. de 2008

A ESTÉTICA DO OCIDENTE

Em tempos de Olimpíada, além dos limites físicos do Homem, também são batidos recordes de estupidez e falta de senso crítico da nossa espécie. Como já se sabe, durante a cerimônia de abertura dos Jogos de Pequim, a cantora Yang Paiyi (à esquerda) foi considerada “feia” pelos organizadores do evento, que acabaram optando pela dublagem da fofinha Lin Miaoke (por eliminação, a da direita). A imprensa brasileira, seguindo a tendência dos demais veículos ocidentais, reverberou o caso com um tom de inconformismo ímpar. Críticas bombásticas, leitores inconformados, mensagens de apoio à Paiyi (que também é "cute-cute"), brotaram nos sites, nas colunas e nos noticiários da TV. A repercussão da notícia parece configurar um quadro propício à construção de uma Teoria do Absurdo. Um absurdo que cotidianamente nos mostra suas variadas facetas. Um absurdo que acaba por nos exigir uma postura questionadora, mas, sobretudo, perspicaz.

Nesse caso, surgem as seguintes questões:

1 – Qual é a indústria responsável pela padronização estética da beleza no mundo?

2 – Vislumbrando o contínuo processo da abertura econômica e cultural, não teriam os chineses apenas agido segundo a linha de raciocínio do complexo midiático ocidental?

3 – Não teria sido o fato um desdobramento natural da leitura das informações, das premissas e dos valores, banalmente propagados pela “Indústria Cultural do Oeste”?

4 – Não seria Lin a versão pop da Yang?

5 - Não estamos acostumados a digerir astros da música internacional que corriqueiramente se utilizam do playback em suas apresentações pelo globo?

6 – Qual a novidade do assunto?

Creio que as respostas, se não parecem tão óbvias, num exercício intelectual mais profundo, certamente hão de surgir.

“Quando Prometeu fez o homem, deu-lhe dois sacos para carregar: um com os defeitos alheios, o outro com os defeitos próprios. Os homens levam o primeiro na frente e o segundo atrás. Eis por que sempre estamos prontos a ver os defeitos dos outros, mas nunca percebemos os nossos” (Os Dois Sacos - Fábulas de Esopo)

EXATIDÃO EM PERCEPÇÃO

A MENTE TEM VÁRIOS MODOS DE SER EXATA... EXATA-MENTE!

11 de ago. de 2008

"Independente do motivo para um país devastado, deveríamos poupar aquelas construções que fazem honra à sociedade humana e não contribuem para a força do inimigo - como templo, tûmulos, prédios públicos e todas as obras de beleza notável (...) privá-los de modo brutal dessas maravilhas da arte é nos declararmos inimigos da humanidade" (Emmerich de Vattel, The Law of Nations, 1758)

11 de jan. de 2008

SAÚDE, MENTE E AÇÃO!

Foi pensando em você, leitor, que resolvi escrever esse texto-desabafo. E, antes que se manifeste, aviso: sei que o que é bom para mim, pode não ser bom para ti. Estou de acordo. No entanto, munido da melhor das intenções, com o espírito imbuído de carinho e consideração pela minha própria história de vida (e pela própria História da Vida) que resolvi modular essa sugestão.


A nossa geração, a sociedade contemporânea, tem em mãos, via o advento da tecnologia da informação, talvez de forma inédita na história conhecida, a oportunidade de ouvir novas versões para velhas histórias. Essas histórias estão diretamente relacionadas com o modo como vivemos, encaramos e interpretamos o mundo. Essas histórias constituem a Versão Ocidental da História. E, com a constatação dessa oportunidade, temos a possibilidade de construir (ou desconstruir ou reconstruir) a História da Humanidade. E assim como não há razão para temer o novo, também não há razão para acreditar sem viver.

O que é História? O que é Responsabilidade? O que é Ser? O que é Controle? O que é Liberdade? Ao longo dos tempos, filósofos de renome investiram suor e talento na tentativa de responder tais questões. Muitos esboçaram modelos coerentes e críticas sublimes. Foram publicados livros e mais livros abordando esses temas. Seja Foucault com a "Sociedade Disciplinar", seja Deleuze com a "Sociedade de Controle", seja Debord com a "Sociedade do Espetáculo", o fato é que muitos autores nos apontam importantes caminhos para tentar compreender as relações humanas e, mais especificamente, a Existência.

Por isso, lhe faço a seguinte proposta: ao invés de assistir ao BBB 8, assista ao documentário "Zeitgeist – The Movie" (link segue abaixo). Trata-se de uma produção norte-americana que significa, literalmente, o "Espírito do Tempo". Esse foi um presente que chegou até mim. Esse é meu presente a você. Dispa-se de seus pré-conceitos. Assista ao documentário com um mínimo de doação.

Cada minuto sem olhar pra telinha é uma vitória da realidade sobre a ficção (não a ficção enquanto gênero artístico, mas enquanto primado da fetichização e da banalização da vida). Cada segundo sem saber das proezas dos "Heróis do BBB" é uma vitória da sua qualidade de vida. Cada episódio não assistido é um ato de contemplação. E amor.

Caso não consiga visualizar, leia um livro, ouça um disco, escreva uma carta a um amigo querido. A idéia aqui é somente não fortalecer um programa de qualidade duvidosa, que realiza um trabalho, igualmente duvidoso, com as nossas mentes, com o discurso de que o ideal é entreter, é relaxar. Vale ressaltar que o modelo da TV brasileira é o mesmo da TV americana (entretenimento) e que o mesmo, por sua vez, é diferente dos modelos francês e inglês, onde a preocupação com o diálogo e a pesquisa é prioridade. "Mas Loscar... eu gosto de assistir exatamente por isso! Pra relaxar a mente!". Meu querido, com toda humildade: se queres realmente relaxar sua mente, feche seus olhos, tape seus ouvidos, exista em silêncio... Medite! Ali, certamente, vais encontrar um verdadeiro conforto. Uma verdadeira fonte de energia.

Acredito que é necessária a reflexão. Pense em minha proposta. Reflita. Não custa nada. Não peço aqui dinheiro, não peço presentes, não peço o seu voto. Peço apenas um pouco da sua atenção. Refletir é também Agir.

É isso. Se gostar da idéia, repasse aos seus.
O melhor abraço do Loscar, o Carlos Affonso
"A literatura é a coisa mais bela do mundo. Talvez, mais bela que o mundo" (Jacques Derrida)
"Todas as guerras são fictícias; exceto para as partes que corpo-a-corpo irão se encontrar" (Ivo Lucchesi)